O ESPÍRITO DA COPA, OU A DIFERENÇA ENTRE BRASIL E ANGOLA
Pierre Verger, o francês mais baiano que já pode existir, conseguiu, em diversas imagens (e que imagens!!!) mostrar como são parecidos os povos de lá e os povos de cá. Mostrou o quanto temos dos nossos irmãos africanos (nossos mesmo, também sou preto, porque não?!).
Mas obviamente não fez parte do foco da pesquisa de Verger notar uma diferença importante com relação ao futebol. Estamos, aqui no Brasil, mil anos na frente deles. Enquanto vamos rumo ao hexa, os angolanos estão para debutar numa das maiores festas do esporte mundial. Mas a diferença não é só ai.
Conversando com um amigo jornalista que mora em Angola, perguntei para ele como é que está o clima para a Copa do Mundo em Luanda. E o que ele respondeu? "Igualzinho como no Brasil". Não fiquei satisfeito. Impossível que o clima fosse o mesmo. Insisti na investigação para achar uma pista... e ele então continuou dizendo que " o pessoal está muito animado, mas todo mundo é realista, mas se ganharem de Portugal o país vai virar uma farra só".
E ele ainda disse mais: "Na saída dos jogadores já foi uma festa que a cidade parou. Nos dias dos amistosos o povo parava pra ver o jogo mas sabem que não têm a menor chance, que estão lá meio que por obra da sorte, mas mesmo assim fazem festa... isso é show!".
Para os angolanos, pela primeira vez na Copa, estar lá já é uma vitória, já é uma conquista e tanto. Isso já é motivo de alegria. Se ganharem um jogo, se marcarem um gol, o coração de cada um na grande e pobre feira de Roque Santeiro vai saltar pela boca.
E foi isso que perdemos. Vencer o primeiro jogo, vencer o segundo jogo, classificar-se para as oitavas, chegar nas quartas, ser semifinalista, nada disso nos comove mais. A única coisa que interessa é o título. Se for campeão, é carnaval, é festa. Se perder para Portugal nas quartas-de-final vai ser a maior tragédia da história do futebol. Isso está certo?!
Acho que é aqui que se deve praticar a velha e batida frase: "o importante é competir". E é mesmo. Por isso torço tanto pelos africanos, pelos asiáticos... ainda mais pelos africanos. Costa do Marfim, Togo, Gana, Angola e Tunísia estão no mesmo barco... no barco daqueles que não foram para a Copa para "fazer número", mas que só por estarem na Alemanha já fizeram história...
4 Comments:
Belissima crônica! Lembra aquele ano que o mundo inteiro torceu por Camarões? Acho que esse ano vai ser assim com Angola ... Me lebro agora que está descrito em livros, um "ação" gravada no inconsciente coletivo: a gente torce pelo mais fraco.
ANGOLA ... ANGOLA ... ANGOLA ...
brigado Denis, fico feliz que tenha gostado...
Eu torci por Camarões, assim como torci por Senegal na Copa passada... é assim mesmo! Mas não acho que a gente torça pelo mais fraco, mas certamente torcemos pelo mais simpático! E a humildade é um prenúncio de simpatia!
beijoca!!!
e o empate histórico e heróico de Trinidad e Tobago hoje é mais uma prova disso tudo!
É FESTA NO CARIBE!!!!!!
e o empate histórico e heróico de Trinidad e Tobago hoje é mais uma prova disso tudo!
É FESTA NO CARIBE!!!!!!
Postar um comentário
<< Home